[INTRODUÇÃO / MEMÓRIA DE CONTEXTO]
CIBERCULTURA E HUMANIDADES
Acerca da articulação nacional de um novo campo científico interdisciplinar no Brasil1
[Contribuição à memória da fundação da
ABCiber - Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura]



Eugênio Trivinho

Aqueles que não se entregam inteiramente ao individualismo da produção espiritual,
nem se consagram de corpo e alma ao coletivismo da substitutibilidade igualitária
que despreza o homem, não têm outro caminho senão a colaboração livre e solidária
sob comum responsabilidade. Tudo o mais leiloa o espírito às formas dos negócios e
com isso, finalmente, aos interesses destes últimos.
Adorno (1992, p. 113)

Não se observou suficientemente que nosso presente é sobretudo
uma antecipação de nosso futuro.
Bergson (2009)

I – NOTA INTRODUTÓRIA


Como a uma conferência prevista como introdução oficial e geral de um evento científico aguarda-se, em correspondência, que – como sói ocorrer partout – não sobrevenha à autoria qualquer autotraição discursiva, as circunstâncias devem, positiva e evidentemente, conspirar para que este signatário não se prolongue além do necessário. Evitar-se-ão as tantas preleções teóricas, as tantas reflexões epistemológicas, de costume típico em ocasiões como essas. E, por prazer de momento e dever de ofício – com a liberdade que a metáfora empresta à expressão –, também deverão jogar-se aqui vistas grossas sobre matérias de cunho mais polêmico.

O título da presente mensagem contextual concede bem o sentido de que originalmente se trata. O I Simpósio Nacional de Pesquisadores em Comunicação e Cibercultura2 foi concebido e planejado para marcar o início formal da organização nacional mais consequente do campo científico de estudos sobre a cibercultura, tomada em sentido amplo, como categoria de época (conforme explanação no próximo tópico.)

A natureza do evento encerra, por isso, uma nobreza cuja significação porventura escape a todos os participantes in loco, por quais palavras forem. Por certo, o Simpósio se vocaciona[va] a reunir dezenas de pesquisadores(as) em torno de uma agenda comum de reflexão sobre temáticas centrais da cena social-histórica e tecnológica contemporânea, notadamente intrínsecas às relações entre media interativos e reestruturação do social, da cultura, da política e da economia. Por certo, o evento tem[tinha] por objetivo condicionar o desdobramento de uma esfera pública teórica, epistemológica e/ou metodológica de discussão e transmissão do conhecimento entre professores(as), pesquisadores(as), pós-graduandos(as), especialistas e profissionais interessados(as) na abordagem interdisciplinar de problemas sociais, políticos e culturais do mundo tecnológico atual. Por certo, ainda, o evento visa[va] possibilitar e promover a circulação de conhecimento renovado, indagador e questionador no contexto simultâneo de intercâmbios científicos, intelectuais e institucionais mais específicos, entre membros(as) ou representantes dos principais Centros, Núcleos e/ou Grupos de Pesquisa dessa área cognitiva. Não obstante, o Simpósio foi concebido para ir mais além, a saber, para ter desdobramentos efetivos e contínuos no âmbito das Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e Linguística, Letras e Artes, no que concerne às relações apontadas, vale recodificar, entre cyberspace, cultura contemporânea e reorganização social cotidiana no Brasil e no mundo. Há muitas razões para a existência deste Simpósio – existência, por assim dizer, fenomenológica tanto mais significativa quanto mais apreendida em conjunto com as características histórico-acadêmicas do mencionado nascedouro frutífero. O fato remete, óbvia e umbilicalmente, às condições da própria época.

II – A CONDIÇÃO CIBERCULTURAL DO PRESENTE E A PESQUISA CIENTÍFICA A RESPEITO


Atmosfera material, simbólica e imaginária típica do capitalismo pós-industrial em sua fase comunicacional avançada, a cibercultura nomeia o presente: transnacional, põe-se partout, desdobra-se em ritmo vertiginoso, ramifica-se sem controle e se complexiza sem possibilidade de reversão (sinalização que se põe para além de qualquer vínculo exclusivo com o cyberspace – suas injunções contextuais, seus processos internos, suas potencialidades –, antes dizendo respeito à matriz virtual de dispositivos comunicacionais e às mudanças direta ou indiretamente derivadas de sua inserção em diferentes setores da vida humana). Abrangendo um sem-número de acontecimentos, processos e tendências, na esteira da circulação de objetos e produtos informáticos e da diversificação interna e desdobramento social da rede, a cibercultura se apresenta como fenômeno paradoxal que desafia a reflexão teórica, em escala nacional e internacional. Entrelaçada às principais características da pós-modernidade, ela retém, em seu bojo, aspectos da tradição e da modernidade; reescreve e reescalona a mundialização mercantil da cultura e da informação, ao lhes dar ambiência cibericônica, hipertextual e interativa; vigora como condição sine qua non – embora normalmente pouco notada – da globalização econômica e financeira; reconfigura e multiplica, radicalmente, os conflitos sociais e as lutas políticas; enraíza-se, cada vez mais na vida cotidiana, particularmente nas megalópoles, metrópoles e cidades médias desenvolvidas, mesmo em contextos e setores nos quais inexiste informatização social significativa ou em atividades, processos e circunstâncias que não exigem a utilização direta de objetos infotecnológicos.

Pesquisas sobre o tema encontram-se distribuídas em várias regiões do Brasil, repercutindo, nesse aspecto, tendências internacionais. No início dos anos 90, foi especialmente abrigado na Escola de Comunicações e Artes da USP, sob os auspícios do Grupo de Pesquisa que fundou o NTC - Centro de Estudos e Pesquisas em Novas Tecnologias, Comunicação e Cultura, coordenado por Ciro Marcondes Filho e extinto em 2000. Ao que indicam os fatos e pelo que se tem notícia, o NTC foi o primeiro centro intelectual do país a pesquisar e debater, com consistência, sistematicidade e inovação, e de modo teoricamente consequente e epistemologicamente crítico, temáticas emergentes vinculadas ao que então se apresentava, sob nenhum consenso e até sob parâmetros desordenados, como “sociedade informática”, “da informação”, “do conhecimento”, “mediática”, “infotecnológica” ou “tecnológica avançada”, “capitalismo cibernético”, “cultura digital”, “cibercultura”, entre outras nomenclaturas. De meados da década de 90 para cá, a mencionada tendência de estudos autodemostrou singular vitalidade e prosperidade. Hoje, ela está marcantemente presente na Cásper Líbero, na ESPM, na PUCRS, na PUC-SP, na UDESC, na UERJ, na UFBA, na UFES, na UFF, na UFJF, na UFMG, na UFPE, na UFRGS, na UFRJ, na UFSC, na UMESP, na Unicamp, na Unisinos, na USP, na UTP e em outras importantes instituições de ensino e pesquisa, em nível de Pós-Graduação e de Graduação. Nos dois últimos decênios, uma enorme lista de obras e artigos científicos foi elaborada por inúmeros(as) expressivos(as) acadêmicos(as).3 No Brasil e na América Latina, muitos(as) pesquisadores(as), de filiações teóricas diferentes, vêm somando esforços em tal direção, sem prejuízo, no entanto, de horizontes para iniciativas mais profundas, críticas e de maior fôlego.

A área de Comunicação vem contribuindo grandemente para a compreensão dos problemas sociais, políticos, culturais e econômicos aí envolvidos. Embora notoriamente majoritária na sala de estar e na cozinha dessa tendência de estudos, essa área de conhecimento não detém, com efeito, monopólio intelectual a respeito. Esse ponto não carece de maiores explanações ou justificativas. As repercussões sociais das tecnologias e redes digitais suplantam todos os domínios cognitivos e práticos particulares; extravasam, evidentemente, o campo fenomenológico e cognitivo da comunicação e da informação. A empiria da cibercultura se liga, por exemplo, ao desenvolvimento da engenharia genética, da astrofísica e das novas formas de guerra, o que depõe tanto mais em favor da assinalada magnitude do fenômeno, bem como dos esforços explicativos simultâneos de várias áreas, especialmente as compreendidas no que, em sociologia e epistemologia da ciência (livres das classificações burocráticas recentes), se designava como Humanidades e que ainda hoje preserva expressivo significado.

III – FUNDAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM CIBERCULTURA (ABCIBER) E A ORGANIZAÇÃO DO RESPECTIVO CAMPO DE CONHECIMENTO


A comunidade científica envolvida com o tema encontra[va]-se madura – do ponto de vista institucional e teórico-prático – para dar o seu passo mais inovador e fecundo: implantar, no país, uma associação nacional com a missão precípua [1] de articular pesquisadores(as) e, por eles, Institutos, Centros, Núcleos e/ou Grupos de Pesquisa, Linhas de Pesquisa de Programas de Pós-Graduação e/ou Instituições e entidades brasileiras, de várias áreas do saber, em torno de temáticas atinentes ao fenômeno cibercultural transnacional; e de [2] prover condições adequadas para a nucleação, fomento, diversificação e consolidação da pesquisa de excelência concernente, atribuindo ao campo científico aí pressuposto representação institucional autônoma em relação às demais associações nacionais vigentes.

A idéia mais remota dessa Associação foi concebida em 1999, sob a forma de um instituto nacional de estudos e pesquisas. Seu embrião mais formalizado remonta ao ano seguinte, quando foi discutida por um seleto grupo de pesquisadores(as) vinculados(as) ao então GT “Comunicação e Sociedade Tecnológica”, hoje “Comunicação e Cibercultura”, no IX Encontro da COMPÓS - Associação dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, realizado na PUCRS, em junho de 2000. O projeto se maturou no transcurso do tempo, assumindo versão complexa, e granjeou inúmeros novos apoios até culminar em sua forma atual, preparada para este Simpósio, como uma instituição científica e cultural, de caráter interdisciplinar, com epicentro formal e não exclusivo na área de Comunicação e com a finalidade anteriormente ressaltada.4 A partir do segundo semestre de 2004, foram especialmente reescalonados os procedimentos de articulação nacional do projeto, sob lastro – objeto de conversações com vários(as) colegas pesquisadores(as) – na idéia de organização e realização deste Simpósio em São Paulo, para desenvolvimento e partilha do conhecimento sobre os assuntos e tarefas concernentes.

[É justamente nesse estágio de amadurecimento teórico e epistemológico coletivo, nessa esteira espargida de pesquisas consortes, em franco desenvolvimento, e dessa percepção compartilhada de contexto e de suas necessidades que haveria de advir, com intensidade, o resultado do trabalho e que, durante o evento, assumiu, em síntese, o nome de Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura, siglada, um semestre depois, como ABCiber).]5

IV – MOMENTO LIMINAR
NATUREZA, ARCO TEMÁTICO E DESDOBRAMENTOS DO EVENTO CIENTÍFICO DE FUNDAÇÃO DA ABCIBER


Neste momento, partilhamos, pois, por volição político-científica e missão intelectual (tanto individual, quanto coletiva), com a instalação da polissêmica esfera pública do Simpósio, da nascente de um processo que, desde já, se vive próspero, de algo que, embora aquém de um fruto inteiramente amadurecido – e, por isso, processo –, põe-se para além de mera semente. Um campo relativamente definido de conhecimento constitui tessitura simbólica de convergências arquitetadas e compromissadas, que se estabelece como lugar sociocognitivo de falas sociais e individuais e de elaboração de visões tematicamente especializadas e, como tal, de geração cultural de identidades, em âmbito tanto intelectual estrito, quanto social mais aberto, e que gira em torno e se faz em prol de um ideal comum, por anuência das consciências envolvidas. Alguém pode evocar, com precisa razão, que, nesse caso, partilhamos o que certa vez a inteligência poética chamou de beleza dos inícios. De fato, trata-se de um momento singular, como todo momento liminar e fundador, para esse universo de estudos no país, em favor do esclarecimento público a respeito das características estruturais e conjunturais da fase digital da civilização mediática.

Com certeza, o prazer intelectual e interpares, o de estarmos todos(as) juntos(as) in loco, vários(as) amigos(as) de larga trajetória – algo que jamais poderia se equacionar na rede ou ser por ela sintetizada, pelo simples fato de esse vivido não ser de modo algum alcançável exclusivamente nela ou através dela –, esse prazer presencial do espírito há somente de aumentar quanto mais percebermos a importância do contexto e do momento, não por acaso –aliás, diga-se antes, por ímpar coincidência – expressos no recinto em que nos encontramos, o TUCA, de tantas tradições inovadoras, de tanta coragem cultural e política, de tanta autoridade institucional e moral.

A previsão de fundação de uma associação científica nacional durante o Simpósio não deixa de positivamente subtraí-lo da ordem dos congressos convencionais. O fato merece, sem dúvida, especial notação, e isto não pelo perfil inédito do encontro no país ou por seu caráter não-episódico ou isolado, uma vez que implica série. Na realidade, o espírito do evento, se assim se pode dizer, está previsto para perdurar na instituição científica [a ser] criada no lastro da própria discussão intelectual a ela originariamente identitária. Certamente, os anos vindouros – que, em tese, já se encerram no interior dessa entidade –, deverão carregar a melhor parte do que se põe na semana em curso.

À esfera pública de discussão projetada cabe, portanto, a escultura dos primeiros passos de uma reflexão teórica e epistemológica orientada, destinada a confluir formalmente com e a embasar desde já o desenvolvimento desse horizonte mais consequente. Não por outro motivo, o arco temático do evento se alonga desde os pressupostos políticos, tecnoculturais e conceituais da cibercultura até as proposições estéticas no e para o cyberspace. Nesse ínterim teórico-prático – cujo ponto luminar é, sem dúvida, a crítica do determinismo tecnológico –, põe-se um sem-número de objetos e problemas contemporâneos, relevantes para a definição da silhueta do campo de conhecimento em jogo, nomeadamente (em sequência e correlações internas sem fixidez ou coincidência com a programação do evento): os valores socioculturais epocais e as mediações emergentes; as políticas de comunicação e a convergência tecnológica; as mutações do espaço e do tempo; a vida cotidiana e os contextos do corpo (materiais e interativos); as novas conformações da subjetividade e da identidade, da sensorialidade e da afetividade e os dispositivos infotécnicos de subjetivação e modernização da percepção; os novos modelos e práticas de comunicação e consumo, de telepresença e interação; as tecnologias móveis e os micromedia online; os aparatos de imersão, o imaginário e a realidade virtual; a violência simbólica e invisível, a vigilância eletrônica e os regimes de controle e autoritarismo digitais; a questão democrática, a governabilidade possível, os ciberativismos e a luta pela liberdade; as dobras infotecnológicas da educação e da Universidade; a pesquisa científica e o papel do pensamento; a erosão da autoria e dos direitos de patente; os limites e possibilidades da arte e do design; a desmaterialização do real e o pós-humano, sem mencionar a relação (ainda mal resolvida) entre modernidade e pós-modernidade e as expressões conceituais mais gerais que presidem o catálogo epistemológico inteiro, como as já aludidas sociedade da informação, sociedade do conhecimento e cibercultura, entre outros assuntos importantes. Trata-se, pois, de se repensar a dinâmica social em rede, os arranjamentos da política em tempo real e a condição histórica da cultura ciberespacializada, da economia imaterial e de todos os aspectos e dimensões associados – enfim, dramas, possibilidades e formas de existência, sobrevivência e resistência do humano onde a vida social se refaz em sua articulação com e através de media e redes virtuais.

Sob essa multilateral previsão reflexiva, o Simpósio há, de toda forma, de demonstrar per se, no encadeamento das mesas de conferências, painéis temáticos (científicos e de arte digital) e plenárias especiais, por qual razão ele se realiza, simultaneamente, em prol de uma nova associação científica nacional e de um novo campo interdisciplinar de estudos, a envolver doravante os(as) presentes em escala ampliada.

V – PALAVRAS FINAIS


Em geral, sabe-se que o fôlego histórico de uma epistème e do espaço intelectual que ela refrata se fabrica mais pelas questões que deixa em aberto (sobretudo quando postas na perspectiva de alguma categoria consistente de crítica) (cf. TRIVINHO, 2001) do que pelas soluções que propõe ou, menos ainda, por seu suposto efeito de moda, refém de uma década específica. Não é difícil constatar, com efeito, que, do ponto de vista histórico, o debate sobre a cibercultura está apenas começando e se mostra longe de sua marcescência ou ocaso. Sua longevidade dependerá, obviamente, do que os(as) pesquisadores(as) farão dele e de quais horizontes teóricos, epistemológicos e metodológicos a ele serão entregues. Não por acaso, toda e qualquer aposta lúcida e necessária (mesmo quando expressa por mero dever, o que longe é o caso) jamais pode ser confundida com a sua oitava rude, a conhecida especulação ufana; e toda e qualquer eventual reserva cética em relação ao desdobramento de um projeto fecundo reveste-se sempre de maior inteligência quando se mescla com bom aguardo humano, íntimo aos fatos.


Referências


ADORNO, Theodor. Minima moralia. São Paulo: Ática, 1992. (Série Temas, Estudos Filosóficos, 30).

BERGSON, Henri. A energia espiritual. São Paulo, Martins Fontes, 2009. (Biblioteca do Pensamento Moderno).

____________________
1 Argumentação de inspiração da conferência de abertura do I Simpósio Nacional de Pesquisadores em Comunicação e Cibercultura (veja-se a próxima nota), ministrada na manhã do dia 25 de setembro de 2006, no TUCA, PUC-SP. Em relação ao que se impôs incontornavelmente à época como mensagem pública embasada em escritos preliminares, o texto corresponde à versão mais bem formalizada, com complementos contextuais, e atualizada, no quanto possível (no limite da garantia de preservação da totalidade das teses então expostas), à luz dos desenvolvimentos factuais subsequentes tanto à conferência quanto ao Simpósio, tendo em vista a sua publicação na presente obra, como contribuição à memória do processo de articulação nacional que culminou na fundação da ABCiber - Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura (cf. nota 5, adiante), em prol da definição, fortalecimento e consolidação, no país, do respectivo campo interdisciplinar de estudos. A conferência se nutriu, naturalmente, de excertos do material programático então desenvolvido [por este signatário] para a realização do evento – procedimento agora reconfirmado, com variações e inserções laterais de forma, na versão definitiva do texto. (Em função da idêntica autoria documental, tomou-se, pois, a liberdade de se suspender os aspeamentos.)

Todas as conferências do Simpósio foram gravadas em formato digital e os CDs, integrados ao acervo da Biblioteca Central da PUC-SP, no campus Monte Alegre.

Informações complementares a respeito da organização progressiva do campo de estudos da cibercultura no Brasil e dos resultados atingidos pela ABCiber no biênio posterior ao evento foram incluídas na segunda conferência do autor a respeito, ministrada na PUC-SP na manhã de 10 de novembro de 2008, disponível em http://www.cencib.org/simposioabciber/anais/mesas/videos/?autor=Eugenio_Trivinho

2 Detalhes sobre o evento constam do respectivo Projeto completo, disponível em http://www.pucsp.br/pos/cos/cencib/simposio_nacional/proceedings.pdf, do qual se reproduzem, abaixo, para otimizar a contextualização da conferência e deste texto (autonomizando-a da fonte), excertos dos tópicos I e VI (com tempos verbais naturalmente readequados ao presente).

O Simpósio foi organizado pelo CENCIB - Centro Interdisciplinar de Pesquisas em Comunicação e Cibercultura da PUC-SP e realizado nesta Universidade, no TUCA - Teatro da Universidade Católica, no período de 25 a 29 de setembro de 2006. Inserido nas comemorações dos 60 anos da PUC-SP e dos 34 anos de seu Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica (PEPGCOS), o evento foi promovido por este Programa e pelo Itaú Cultural e contou com apoio financeiro da CAPES e apoio cultural do TUCA e da Livraria Cortez. Estruturado em 15 sessões de trabalho, dentre as quais 11 painéis temáticos, o evento reuniu, em 5 dias consecutivos, mais de 30 conferencistas [foram 45 os(as) convidados(as)] de Programas de Pós-Graduação das áreas de Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e de Artes de 15 Universidades de 7 Estados brasileiros (nomeadamente, PUC-SP, UFRJ, USP, UFBA, UFF, UERJ, PUCRS, UFRGS, Cásper Líbero, UFSC, UTP, UFMG, ESPM, UDESC e UNESA), para, além de discutir a matéria assinalada na sequência da argumentação, fundar, durante os trabalhos, a Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura. Em razão da natureza temática do Simpósio e da pesquisa desenvolvida no Brasil a respeito, as conferências abrangeram [1] releituras reescalonadas de temas clássicos ou há muito conhecidos, [2] revisão e contextualização históricas de conceitos tradicionais e modernos, [3] incursões reflexivas de ponta no âmbito da teoria e da crítica da comunicação, da política e da cultura, [4] descortinamento e análise de objetos, processos e tendências emergentes, ligados ao modelo de social urdido no e pelo cyberspace, e [5] desconstrução de mitologias correntes. A exemplo do Ciclo de Conferências e Debates “Horizontes do cibermundo: tensionar o presente, repensar a existência”, também organizado pelo CENCIB na PUC-SP, em agosto de 2004, o Simpósio configurou extensa esfera pública interdisciplinar preocupada em dissecar, tensionar e esclarecer as tendências tecnológicas majoritárias da civilização contemporânea.

3 A bibliografia oferecida no presente ebook, com centenas de itens pertinentes, concentra ainda um percentual diminuto dessa produção.

4 A caracterização da entidade como “cultural” foi definida em março de 2007 e o tipo de vínculo com a área de Comunicação, no dia da própria fundação, conforme detalhamento na nota 4. Essas informações constam aqui antecipadas – até o dia desta conferência não havia decisões a respeito – para que, evocando-se o primeiro parágrafo da nota 2, o leitor possa perfazer uma visão mais completa e precisa acerca da conjuntura factual resolutória em prol da Associação naquele período. Nesse tocante, a escala temporal da observação não podia ser senão ampliada. Essa notação se valida para o próximo parágrafo, não por acaso entre colchetes.

5 A ABCiber foi fundada em 27 de setembro de 2006, em Plenária Especial prevista na programação do evento. [A Ata da Plenária, de pouco mais de três horas de duração, reconstitui, em detalhes, a atmosfera democrática dessa fundação (disponível em: http://abciber.org.br/ABCIBER_-_ATA_DE_FUNDACAO_-_Registro_em_Cartorio_-_02.02.2009.pdf); e a Nota Pública respectiva, em http://abciber.org.br/nota_publica_fundacao.pdf]. Seu perfil institucional completo foi estabelecido na Conferência Pró-Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura / Reunião Científica, em 15 e 16 de março de 2007, e na I Reunião do Conselho Científico Deliberativo (CCD), em 29 e 30 de novembro de 2007, ambos eventos realizados na PUC-SP. Tempos depois, a ABCiber foi registrada no 6. Cartório de Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica de São Paulo. Mais informações encontram-se no site institucional da entidade, www.abciber.org.br