ISSN : 2175-2389

Os dados mais recentes da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos mostram que, nos primeiros meses da pandemia da COVID-19 no Brasil, os crimes de ódio aumentaram nas redes sociais digitais. No caso de violência online contra a mulher, o número de denúncias mais que dobrou, sendo o Twitter a rede social com maior número de casos. Com o objetivo de compreender o discurso de ódio contra a mulher no Twitter, este trabalho se volta para uma análise do caso da gravidez de uma menina de 10 anos, consequência de um estupro, que reacendeu a discussão sobre o aborto no Brasil. Para isso, a partir dos dados levantados pelo Radar Aos Fatos, aprofunda-se no conteúdo odioso de 20 tweets publicados de 14 a 18 de agosto de 2020 em resposta à hashtag #GravidezAos10Mata e/ou contendo as palavras-chave ”œaborto”, ”œabortista” e ”œaborteira”. A análise qualitativa interpretativa nos tweets apresentados permitiu verificar que os argumentos perpassam convicções religiosas, machismo e misoginia.