Última alteração: 2021-03-18
Resumo
Os produtos tecnológicos são desenvolvidos em grande escala, mas desigualmente distribuÃdos e substituÃdos velozmente, tornando o desejo tecnológico um novo fetiche de consumo. Desse modo, o novo fetiche é retroalimentado pela aceleração na produção e no consumo tecnológico, os quais constituem um novo darwinismo social caracterÃstico da sociedade dromocrática. Esta lógica abrange o circuito indivÃduo-sociedade-cultura, no qual estão inseridas as leis de mercado, política, educação, economia e subjetividades. Erich Fromm (2009), em seu belÃssimo e esclarecedor posfácio da 42ª edição de 1984, compartilha com Orwell o sentimento de desesperança na humanidade, especificamente, na noção e experiência de progresso. 1984 é uma advertência de que, se o curso da história permanecer tal qual em 1949, data de sua primeira edição, presenciaremos a desqualificação da humanidade pela implantação da automação de suas ações em seu cotidiano. O sentimento de desesperança é também uma advertência. Reservadas as distinções entre 1984 e Onisciente, série disponível na plataforma Netflix, apresentamos uma discussão sobre o projeto tecnocientÃfico no tocante à geração de dados pessoais disponibilizados para corporações particulares e estatais, cujo objetivo é controlar essas informações para fins de toda sorte sem conhecimento ou consentimento do cidadão. Nos apoiamos nas análises de Rüdiger (2008, 2009) e Harari (2016, 2018) e em outros autores para compor este diálogo que já se anuncia inacabado.