Última alteração: 2021-03-18
Resumo
A partir de um mapeamento de fatos e acontecimentos em diferentes plataformas, o presente artigo apresenta o conceito de lesbofobia algorítmica para refletir sobre a maneira como as discriminações e opressões sistêmicas, como a lesbofobia, estão também engendradas nas estruturas das tecnologias digitais. Não tratando-se apenas de episódios isolados ou de erros do sistema, mas de provas constitutivas contra a falácia da neutralidade tecnológica. Através de uma abordagem cartográfica, o trabalho segue a diferenciação proposta por Tarcizio Silva (2020a) entre algoritmo racista e racismo algorítmico, assim como o conceito de microagressões (SILVA, 2020 apud PIERCE, 1969; 1970) trazido pelo autor e sua aplicabilidade nas tecnologias digitais, ampliando a discussão para as expressões lesbofóbicas também presentes nessas tecnologias. Os casos apresentados têm a heterossexualidade compulsória e a cisnormatividade como modelos de comportamento, moral e corporeidade, (re)mediados e impulsionados, também, por essas tecnologias digitais e de automação. O mapeamento proposto defende a nomeação da lesbofobia algorítmica para que seja possível dar conta de um fenômeno que não é isolado, mas sim estrutural.