ISSN : 2175-2389

O texto apresenta um panorama histórico do que se convencionou chamar de Bolha: uma metáfora de um ambiente comunicativo hermeticamente fechado e retroalimentado que favorece a disseminação de desinformação (popularmente conhecida como fake news) e dificulta a troca de dados, informações, opiniões, bem como outras formas de sociabilização e subjetividade com aqueles fora dela. O artigo sugere a impossibilidade do diálogo fora da Bolha, já que o palco sobre o qual todo processo de comunicação se desenrola - desde muito antes das tecnologias digitais ou mesmo da noção de esfera pública - é inescapavelmente um ambiente esférico.

Partindo desta premissa, o artigo se afasta de discussões que objetivem "sair da Bolha" para, ao contrário, focar em formas mais saudáveis de habitá-las. Pretende também contribuir para a superação da noção de que as fake news advém das atuais Bolhas, sendo necessário, portanto, "furá-las". O artigo apresenta fontes documentais para argumentar que tais práticas existem há séculos, não sendo, portanto, invenção contemporânea. Ainda no sentido de qualificar o debate, apresenta diferentes formas nocivas de comunicação, substituindo o termo genérico fake news por sistema de desinformação: engrenagens de informações falsas, imprecisas e enganosas criadas e divulgadas para fins de confundir, causar dano à sociedade ou simplesmente visando lucro. Esse sistema compreende diferentes níveis de risco, intenção e impacto - compreendendo desde peças lúdicas como sátiras e paródias até conteúdo deliberadamente falso criado para manipular e enganar. Por fim, o artigo reúne e apresenta ações para mitigar os efeitos nocivos da desinformação nas redes baseado em recentes esforços coletivos internacionais.