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BREVE HISTÓRICO DA DIGITALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO - EIXO TEMÁTICO 25


 
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1. Título Título do documento BREVE HISTÓRICO DA DIGITALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO - EIXO TEMÁTICO 25
 
2. Autor Nome do Autor, afiliação institucional, país Mariana de Toledo Lopes; Universidade Federal de Juiz de Fora; Brasil
 
2. Autor Nome do Autor, afiliação institucional, país Carlos Pernisa Júnior; Universidade Federal de Juiz de Fora; Brasil
 
3. Assunto Área(s) do Conhecimento Teorias da comunicação; cibercultura; tecnologia; hibridização
 
3. Assunto Palavras-chave(s)
 
4. Descrição Resumo

Tema

 

O pensamento tecnológico antecede a invenção da tecnologia. O movimento de evolução da civilização é voltado, na maior parte do tempo, para a elaboração de novas técnicas que objetivam a simplificação de tarefas mais árduas. Desde a invenção da roda até as assistentes virtuais, o processo de desenvolvimento da tecnologia visa fazer com que o homem consiga realizar tarefas com menos esforço em menor tempo. Desde o início do modernismo, o racionalismo e as ideias de otimismo e progresso incentivam o desenvolvimento de novas maneiras de executar ações. Na primeira década do século XX, em 1909, foi publicado o manifesto futurista, dando início ao movimento artístico homônimo, que apresentava, entre outros tópicos, a quebra com o tradicionalismo e o culto à velocidade. Em uma sociedade completamente analógica, o futurismo pode ter sido o ponto inicial do pensamento que, no final do século XX e início do século XXI, culminaria em uma sociedade que coexiste nos ambientes físicos e digitais.

Com o foco na economia de tempo e no aumento exponencial da velocidade na qual as coisas do mundo se dão, a sociedade pós-moderna oferece ao homem uma conexão estreita com o mundo, que pode ser visitada a qualquer momento, na palma das mãos, por meio de um smartphone. O objetivo central desse trabalho é alinhavar diferentes teorias traçadas no último século, procurando entender e projetar como os meios de comunicação, mais que extensões do homem, passam a ser parte dele.

 

 

Objetivo principal

 

Esse trabalho tem por objetivo traçar uma breve história sobre as teorias da comunicação que versam sobre a convergência entre comunicação e tecnologia, a fim de apresentar o caminho teórico percorrido desde o movimento futurista, 1909, até as teorias que relacionam homem e máquina na contemporaneidade.

 

 

Justificativa

 

Compreender os caminhos percorridos pelo pensamento humano ao longo do último século nos faz entender melhor o momento atual. Como parte da pesquisa que se iniciou em março de 2022 e tem conclusão prevista para março de 2024, esse trabalho pretende ser parte do embasamento teórico para compreender como se deu a evolução tecnológica, do ponto de vista da comunicação social. Também pretende ajudar na melhor  compreensão da relação homem-máquina e o processo de imersão na narrativa por meio de dispositivos eletrônicos portáteis.

 

 

Bases Teóricas

 

Tempo e espaço são relativos. Esses conceitos, que costumamos reconhecer como da área da física clássica, são considerados maiores ou menores a partir da relação entre eles. Quanto maior é o tempo que se gasta para percorrer determinado espaço, menor é a velocidade atingida, sendo também verdadeiro o contrário: quanto menor o tempo gasto, maior a velocidade atingida. A partir da década de 1990, com a popularização da Internet, podemos aplicar esse pequeno conceito para demonstrar que o tempo de disseminação de uma informação foi reduzido drasticamente, aumentando, por conseguinte, a velocidade com a qual as informações percorrem o mundo.

Ao classificar o tempo como “cedo” ou “tarde” e o espaço como “longe” ou “perto” são utilizados conceitos relativos que funcionam como a medição do esforço despendido para realização da tarefa. Zygmunt Bauman (2000) refere-se à modernidade como marco do início da “história do tempo”, associando a época à emancipação do tempo em relação ao espaço. O domínio da relação tempo-espaço fez com que a sociedade se atentasse para o controle da velocidade em que as coisas aconteciam.

A “conquista do espaço” veio a significar máquinas mais velozes. O movimento acelerado significava maior espaço, e acelerar o movimento era o único meio de ampliar o espaço. Nessa corrida, a expansão espacial era o nome do jogo e o espaço, seu objetivo; o espaço era o valor, o tempo, a ferramenta. Para maximizar o valor, era necessário afiar os instrumentos; muito da “racionalidade instrumental” que, como Max Weber sugeriu, era o princípio operativo da civilização moderna, se centrava no desenho de modos de realizar mais rapidamente as tarefas, eliminando assim o tempo “improdutivo”, ocioso, vazio e, portanto, desperdiçado; ou, para contar a mesma história em termos dos efeitos e não dos meios da ação, centrava-se em preencher o espaço mais densamente de objetos e em ampliar o espaço que poderia ser assim preenchido num tempo determinado. (BAUMAN, 2000, p. 120)

 

 

Como proposto por Bauman, a evolução das técnicas deu-se com o objetivo de otimizar o tempo. A integração entre usuário e tecnologia, a ponto de o usuário não enxergar a tecnologia como um dispositivo, mas como algo que é naturalmente parte do ambiente  é o conceito do filósofo britânico Andy Clark (2003) de tecnologia transparente.


Tecnologias transparentes são aquelas ferramentas que se tornaram tão bem ajustadas e integradas com nossas próprias vidas e projetos que são praticamente invisíveis em uso. Essas ferramentas ou recursos geralmente não são mais o objeto de nosso pensamento e razão conscientes do que a caneta com a qual escrevemos, a mão que a segura enquanto escrevemos ou os vários subsistemas neurais que formam a pegada e guiam os dedos. (CLARK, 2003. p. 28-29. Tradução nossa)

 

Na segunda metade do século XX, o teórico Marshall McLuhan (1967) apresenta sua teoria dos meios de comunicação como extensão do homem. Nela, o autor chama de idade mecânica aquela na qual o homem projeta seu corpo no espaço e afirma que, atualmente, o que ele projeta é o próprio sistema nervoso central, o que faz com o que o conceito de tempo e espaço seja repensado.

Estamos nos aproximando rapidamente da fase final das extensões do homem: a simulação tecnológica da consciência, pela qual o processo criativo do conhecimento se estenderá coletiva e corporativamente a toda a sociedade humana, tal como já se fez com nossos sentidos e nossos nervos através dos diversos meios e veículos. Se a projeção da consciência — já antiga aspiração dos anunciantes para produtos específicos — será ou não uma boa coisa, é uma questão aberta às mais variadas soluções. São poucas as possibilidades de responder a essas questões relativas às extensões do homem, se não levarmos em conta todas as extensões em conjunto. Qualquer extensão — seja da pele, da mão, ou do pé — afeta todo o complexo psíquico e social. (MCLUHAN, 1967, p. 15)

 

 

Dando continuidade aos estudos acerca dos avanços tecnológicos dos meios de comunicação, o autor Henry Jenkins (2009) conceitua convergência midiática, inteligência coletiva e cultura participativa. Estes conceitos norteiam o modo como as narrativas são construídas para serem utilizadas nos dispositivos eletrônicos portáteis.

Certos conteúdos podem chegar ao público-alvo de várias maneiras e por muitas plataformas de comunicação. Para Jenkins (2009), a ideia de convergência vai além da junção de diversas técnicas em um mesmo dispositivo, mas engloba uma mudança cultural que torna a sociedade mais ativa na procura de conexões entre informações veiculadas em diferentes plataformas midiáticas.

Por convergência refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. (JENKINS, 2009, p. 27)


O autor aborda, ainda, dois conceitos que se fazem cada dia mais importantes nas atuais redes sociais digitais, ambos falam sobre as ações que o usuário exerce no meio de comunicação. A primeira delas é a interatividade, uma participação delimitada pela própria mídia, que oferece ao usuário um espaço para que ele interaja com o conteúdo consumido. Como exemplo, podemos citar os comentários de um post de rede social. Já o conceito de participação não leva em consideração o produtor da mídia, é uma negociação estabelecida entre os consumidores da narrativa midiática. Uma situação que exemplifica esse conceito é o volume de conversa que é tolerado pela plateia de um teatro ou cinema.

Inicialmente, o computador ofereceu amplas oportunidades de interação com o conteúdo das mídias e, enquanto operou nesse nível, foi relativamente fácil para as empresas de mídia controlar o que ocorria. Cada vez mais, entretanto, a web tem se tornado um local de participação do consumidor, que inclui muitas maneiras não autorizadas e não previstas de relação com o conteúdo de mídia. (JENKINS, 2009, p. 198)

A segunda década do século XXI parece seguir o caminho que vem sendo traçado pelas ideias McLuhan (1967) e Jenkins (2009). A transição entre ambientes físicos e digitais vem sendo feita com maior naturalidade pelo usuário, tanto das gerações mais novas como das gerações mais antigas, que vêm se adaptando às novas formas de consumir informação.

Ações originariamente presenciais, como ir ao médico, ao banco ou fazer compras, já são comumente realizadas de modo virtual. Essa hibridização dos mundos físico e virtual é nomeada pela área do marketing como ambiente phygital (MORAVCIKOVA; KLIESTIKOVA, 2017, p. 149).

O ser humano, quando imerso no ambiente digital, é chamado de “homo digitalis” pelo filósofo sul coreano Byung-Chul Han (2018). Nessa definição, o indivíduo apresenta-se como parte do que o autor chama de enxame, ou seja, um conglomerado de vozes, que expressam suas opiniões e se manifestam de maneira coletiva, porém, estruturando-se de maneira diferente das massas clássicas, que são formações sólidas. O enxame, como sugere a analogia, faz muito barulho, mas se dispersa rapidamente.

O homo digitalis, pelo contrário, é tudo menos ninguém. Mantém a sua identidade privada, ainda quando se apresenta como parte do enxame. Se manifesta, de fato, de modo anônimo, mantém geralmente um perfil, trabalhando sem parar na sua otimização. Longe de ser ninguém, é um alguém penetrante, que se expõe e solicita a atenção. Por seu turno, o ninguém dos meios de massa não reclama qualquer atenção à sua pessoa. A sua identidade privada dissolve-se. Dissolve-se na massa. E tal é, de resto, a sua sorte. (HAN, 2018, p. 23)

 

A perda da identidade no ambiente digital faz com o homem — imerso neste mundo — seja parte dele, parte da própria máquina, que é o meio onde este universo digital existe.

 

Referências Bibliográficas

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. 280p.

CLARK; ERICKSON. Natural-Born Cyborgs: Minds, Technologies, and the Future of Human Intelligence. [S. l.: s. n.], 2004. ISSN 03186431.v. 29.

HAN, Byung-chul. No Enxame: perspectivas do digital. Trad. Lucas Machado. Petrópolis: Vozes, 2018.

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. 1a ed. São Paulo: Cultrix, 1969. 407p.

MORAVCIKOVA, Dominika; KLIESTIKOVA, Jana. (2017). Brand Building with Using Phygital Marketing Communication. Disponível em: https://bit.ly/2pcQgJ3. Acesso em: 28/10/2022.



 
5. Editora Editora, localização
 
6. Contribuidor Patrocínio CAPES
 
7. Data (YYYY-MM-DD) 2023-04-04
 
8. Tipo Situação & gênero Documento avaliado pelos pares
 
8. Tipo Tipo
 
9. Formato Formato do Documento PDF
 
10. Identificador Identificador Universal Único (URI) https://abciber.org.br/simposios/index.php/abciber/abciber15/paper/view/1885
 
11. Fonte Título da Revista/conferência; V. N. ano Simpósio Nacional da ABCiber (edições 2023, 2022, 2021, 2020, 2018); ABCIBER XV - SIMPÓSIO NACIONAL DA ABCIBER 2022
 
12. Idioma Português=pt pt
 
13. Relacionamento Docs. Sups. Breve histórico da comunicação digital (56KB)
 
14. Cobertura Localização geográfica, cronológica, amostra (gênero, idade, etc.)
 
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