JORNALISMO E INFLUENCERS: AS DISPUTAS DE CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NAS REDES SOCIAIS DIGITAIS
Dublin Core | Metadados para o PKP | Metadados do documento | |
1. | Título | Título do documento | JORNALISMO E INFLUENCERS: AS DISPUTAS DE CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NAS REDES SOCIAIS DIGITAIS |
2. | Autor | Nome do Autor, afiliação institucional, país | Lisly Moreira Lucas Franco; Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Brasil |
3. | Assunto | Área(s) do Conhecimento | Ciberjornalismo, Semiótica, Cibercultura |
3. | Assunto | Palavras-chave(s) | |
4. | Descrição | Resumo | JORNALISMO E INFLUENCERS: AS DISPUTAS DE CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NAS REDES SOCIAIS DIGITAIS Lisly Moreira Lucas Franco Palavras Chave: Ciberacontecimento, Semiose, Jornalismo, Influencers, Twitter Os ciberacontecimentos são definidos como acontecimentos cujo processo “acontecimental” já é pré-semiotizado pelas lógicas das redes sociais digitais. Os acontecimentos e os sentidos que se formam tem um caráter descentralizado e espontâneo. A mediação qualificada que o jornalismo começa a desenvolver para combater a “infodemia” das fake-news leva a uma disputa de sentidos. Ademais, independente do caráter organizacional e da autoridade da Instituição Jornalismo, os agentes comunicacionais agora podem ser outros. Influencers também detém técnicas e métodos a serem explorados em seu potencial de mediação qualificada. O influencer - pessoa criadora de algum tipo de conteúdo em redes sociais que têm acompanhamento de um público assíduo que o conhece por um determinado tipo de conjunto de valores e experiências, cosmologia de ser e consumir - evoca vulnerabilidade para funcionar com a confiança de um mediador de uma comunidade virtual específica que o acompanha. A mediação influencer ainda deve ser explorada em suas potências de infoentretenimento e em suas limitações, como a fiscalização para responsabilização da figura pública transmissora de informações a uma audiência. A crise do jornalismo digital é, portanto, subjetiva. Permeada por fatores como algoritmos, bolhas de informação, parcialidade, engajamento e potencial de viralização, para citar alguns. Em uma análise da crise do jornalismo digital, este artigo explora a disputa da mediação do ciberacontecimento para o público, independente da técnica jornalística, a disputa pela construção de sentido é afetiva. O engajamento pessoal destaca-se como necessário nas redes sociais. O suprimento dessa demanda atualmente está sendo feito por influencers, ou padrões de mediação que emulam comportamento de influencers. A superação desse desafio engloba a mudança da linguagem, de técnicas de apuração e do pilar da imparcialidade e objetividade. O jornalismo tradicional digital se tornará cada vez mais obsoleto até que o empirismo seja substituído pela personalidade. Não está havendo diferença do jornalismo para a função organizacional de fatos que a tecnologia comprova-se cada vez mais capaz de fazer de maneira independente. A Análise de Construção de Sentidos em Redes Digitais é uma metodologia experimental e em desenvolvimento pelo professor e pesquisador Felipe Moura de Oliveira, coordenador da pesquisa “Da crise à mediação qualificada: jornalismo e territorialidades semióticas”, desenvolvida no grupo de pesquisa Jornalismo Digital (UFRGS/CNPq) e também do LIC (Laboratório de Investigação do Ciberacontecimento) - Unisinos/CNPq. O mapeamento de ciberacontecimentos públicos (com apoio nas técnicas da Análise de Conteúdo), seguido da sua classificação em constelações de sentidos, chega à fase das inferências. Fruto da pesquisa com o Orientador Felipe Moura de Oliveira, a nova pesquisa atualmente em desenvolvimento intitulada “Jornalismo e desinformação: o agir cartográfico como proposta teórico-metodológica” (UFRGS/CNPq) dá sequência a tentar compreender o estágio das tensões visto que as redes sociais digitais estão sendo consolidadas como espaço para essa disputa. Esse artigo surge fruto desses questionamentos, através de casos da plataforma Twitter, que são demonstrações simples de um fenômeno que ocorre em escalas macro e micro diariamente e simultâneamente dentro das diversas camadas de interações sociais em rede. Além de questionar os agentes e as mediações técnicas que podem oferecer, há também questionamentos de qual domínio prevalecerá no ritmo “democrático” em que a internet opera. A organicidade da própria disputa de sentidos em combate a fake-news é nebulosa em relação ao estabelecimento da memória coletiva e predominância de algumas narrativas sobre outras. As principais bases teóricas ao pensar no jornalismo são dos autores Marcia Benetti, Ronaldo Henn, Felipe Moura de Oliveira e Moreno Osório. Pensar o gênero discursivo do jornalismo, o método de Agir Cartográfico no jornalismo em rede (nativos digitais ou não), e também na semiótica da realidade social, são pontos centrais para lidar com as ambiguidades silenciosas da comparação entre um jornalista - que acima de todo positivismo é um indivíduo - e um influencer - abertamente um indivíduo - nos tempos atuais. A relevância do tema proposto prova-se diariamente, com histerias coletivas, desinformações de risco à saúde pública, interferência no processo eleitoral, normalização de discursos e disseminação de ideologias. Qual seria o preço da perpetuação do enquadramento da mídia? Porque há uma insatisfação e desconfiança com o locutor formal e sua distância estóica? Como funcionará a padronização e conscientização acerca de operar o poder de mediação, que também é acessível para usuários comuns? Os desdobramentos ainda estão sendo estudados, por ora, a existência de uma rivalidade ou cumplicidade entre o jornalista e o influencer ainda não foram determinadas. Minhas sugestões e provocações estão acerca dos prejuízos do jornalismo em prol da rigidez e corporativismo, e da adaptação espontânea do público ao navegar a semiosfera digital. O jornalismo precisa estar a pé de igualdade com os civis, da mesma maneira que os influencers parecem conseguir estar. Uma provocação arriscada é que O Jornalismo e o Jornalista por vezes mesclam-se, o jornalista parece abrir mão de sua pessoalidade e permanece em um pedestal de zelador da ordem e conhecimento público. Todavia, na modernidade, as ferramentas oferecidas e desenvolvimento das tecnologias são principalmente informacionais, e somente adaptar-se a existir em ambientes digitais não é suficiente. O carisma do influencer, seus vínculos publicitários e poder em relacionamentos para-sociais parecem suspeitos e aos olhos de veículos estabelecidos a décadas atrás parece certamente fugir ao controle científico que deveria ter um mediador de esfera pública. O objetivo encontra-se em possivelmente modelar os potenciais dos dois protagonistas. Porque não pode o jornalista assumir uma postura um pouco mais realista e informal? Onde começaria a determinação do potencial influencer em todo comunicador? Há uma resistência clara ao posicionamento parcial e direto no jornalismo. Um costume antigo que é ridicularizado quando pessoas podem instantaneamente compartilhar a notícia adicionando suas opiniões e criticando os eufemismos, a falta de crítica, a omissão de fatos, e qualquer outro pormenor do discurso que chamar atenção. Não cabe mais ao jornal decidir quais informações são relevantes e nem mesmo como as relevâncias devem ser apresentadas. Amplificar a ética da mediação ao alcance intimista engajado nos levaria para uma função do jornalismo muito além da organizacional, propondo a possibilidade de navegar o espaço digital diante da multitudes de construções simultâneas de sentido junto das pessoas. O caráter de autoridade não é convidativo, enquanto que o de camaradagem e reciprocidade, confiança e honestidade dão retornos concretos. Se o jornalista assumisse uma posição mais individual e de influenciador haveria o risco de descentralizar, e enfraquecer a instituição do jornalismo? Na verdade, a descentralização é algo positivo que deve ser alcançado, pois os empecilhos da burocracia de uma centralização formal afetam a democracia da informalidade dos usuários. Na exploração do tema, além dos agentes, a intenção dos agentes em relação ao comportamento do organismo semiótico são abordados com cases do mundo real, não apenas do Twitter e certos padrões comunicativos lá performados, mas também como o início de um acontecimento interpretado no twitter, como na época dos protestos Black Lives Matter, é algo de repercussão político social histórica significativa. A relevância de uma pauta de “interesse público” e que cumpra requisitos editoriais deixa de fora centenas de ciberacontecimentos que só existem na subcultura dos comunicadores influencers. Assuntos que não são ignorados apesar do aparente esforço da mídia tradicional, acabam só existindo em contexto de “debates digitais”, onde podem ter parcialidade e engajamento sociológico. Há um cabo de guerra, que por vezes leva os jornais a tomarem nota dos tumultos digitais, e grandes acontecimentos “formais” também são automaticamente incluídos na esfera digital por usuários que querem ressignificar e interpretar os acontecimentos. Dentro de outras características do debate de mediação, entra-se nos espaços específicos que essa mediação ocorre, ou deixa de ocorrer. Sim, espaços no ambiente digital, como previamente estabelecido ao longo do artigo, porém nos espaços chamados nichos do ambiente digital. Os nichos são uma solução para o mar de informações da internet, e em públicos específicos, o conteúdo direcionado e mediado é um fenômeno de menor escala, e pode ser um bom começo para os primeiros passos de um novo jornalista-influencer. O interesse público não pode ser forçado por repetição, deve ser aproximado do interesse do público. Se a maneira das pessoas perceberem e interagirem no mundo é feita através da contextualização de gênero, classe, raça, sexualidade e espectro político, porque quando penso em um veículo jornalístico X, na matéria Y, na manchete Z, não enxergo nada além de uma logo ou de um grupo de acionistas de terno? A dinâmica das redes sociais e o perfil unitário criam a expectativa por um diálogo que, embora ocorrendo de maneira monstruosa com milhões de envolvidos, é um diálogo para alguém. Finalmente, as intenções em explorar a disputa da construção de sentido está sendo feita em prol de aplicação de métodos e alternativas que salvem a credibilidade e afeto da população para com o jornalismo. É um estudo que busca provocar leis da técnica jornalística, entendendo que na necessidade de se diferenciar, prendem-se a dogmas pouco aplicáveis considerando a natureza humana do ser jornalista. Os riscos podem e precisam ser tomados para que o jornalismo se estabeleça de maneira genuína, e não só porque um dia foi autoridade e portanto hoje continua a ser. A semiosfera digital não precisa ser um campo de batalha, mas está felizmente fomentando mudanças em meio aos atritos. |
5. | Editora | Editora, localização | |
6. | Contribuidor | Patrocínio | CNPq |
7. | Data | (YYYY-MM-DD) | 2023-04-04 |
8. | Tipo | Situação & gênero | Documento avaliado pelos pares |
8. | Tipo | Tipo | |
9. | Formato | Formato do Documento | |
10. | Identificador | Identificador Universal Único (URI) | https://abciber.org.br/simposios/index.php/abciber/abciber15/paper/view/1902 |
11. | Fonte | Título da Revista/conferência; V. N. ano | Simpósio Nacional da ABCiber (edições 2023, 2022, 2021, 2020, 2018); ABCIBER XV - SIMPÓSIO NACIONAL DA ABCIBER 2022 |
12. | Idioma | Português=pt | pt |
13. | Relacionamento | Docs. Sups. | |
14. | Cobertura | Localização geográfica, cronológica, amostra (gênero, idade, etc.) | |
15. | Direitos | Direito autoral e permissões | Autores que submetem a esta conferência concordam com os seguintes termos: a) Autores mantém os direitos autorais sobre o trabalho, permitindo à conferência colocá-lo sob uma licença Licença Creative Commons Attribution, que permite livremente a outros acessar, usar e compartilhar o trabalho com o crédito de autoria e apresentação inicial nesta conferência. b) Autores podem abrir mão dos termos da licença CC e definir contratos adicionais para a distribuição não-exclusiva e subseqüente publicação deste trabalho (ex.: publicar uma versão atualizada em um periódico, disponibilizar em repositório institucional, ou publicá-lo em livro), com o crédito de autoria e apresentação inicial nesta conferência. c) Além disso, autores são incentivados a publicar e compartilhar seus trabalhos online (ex.: em repositório institucional ou em sua página pessoal) a qualquer momento antes e depois da conferência. |