Última alteração: 2023-12-05
Resumo
O texto desenvolve um debate teórico no campo dos estudos do ódio online, tendo como foco a busca de alternativas para o conceito de discurso de ódio (hate speech). Neste sentido, tenta-se discutir perspectivas teóricas mais apropriadas para a compreensão do fenômeno do ódio digital no contexto do Sul Global, como as trazidas pelas noções de "discurso extremo" (Udupa, 2023; Pohjonen e Udupa, 2017; Udupa, Gagliardone e Hervik, 2021), "ódio como forma social" (Sodré, 2021) e "ódio biopolítico" (Dalmolin, 2020). Uma das potencialidades observadas a partir destes conceitos é o de atuarem como operador teórico-metodológico para a análise de discursos que circulam nas bolhas informacionais da extrema-direita no Brasil, no âmbito da chamada midiosfera extremista (Rocha, 2023).
As proposições aqui debatidas oferecem uma alternativa conceitual à noção de discurso de ódio, tradicionalmente adotada como referencial teórico para as investigações deste campo. Enquanto a teorização sobre discurso de ódio advém de uma tradição da colonialidade (Udupa, 2023) e de uma matriz colonial do poder (Mignolo, 2011), ponderamos que as formulações aqui reportadas são desenvolvidas através do horizonte do pensamento decolonial, reportando em seus respectivos contextos a matrizes de subdesenvolvimento e uso intensivo das tecnologias associada a baixos níveis de educação formal e literacia midiática.