Última alteração: 2019-03-25
Resumo
Este artigo busca construir uma reflexão sobre o jornalismo lento. Sabe-se que este não se trata de um novo formato jornalÃstico; de uma nova linguagem; ou de um mecanismo estratégico de produção e engajamento; mas de processos que envolvem necessariamente (1) o contexto célere da comunicação na cibercultura; e (2) a modalidade prática de jornalismo alicerçada no contraponto a este contexto. Ao propor a desaceleração da produção, da oferta (circulação e distribuição) e da recepção do produto jornalÃstico, o jornalismo lento se inscreve no campo da crítica da comunicação e da velocidade; e, do ponto de vista prático, se situa na zona de interface entre comunicação, compreensão e afeto. Ainda que as práticas de comunicação lenta sejam relativamente demarcadas pelo movimento ”œslow media”, o jornalismo lento como objeto de reflexão teórica que emerge desta experiência demanda imersão e aprofundamento, que permitam ao mesmo tempo desvelar seus alicerces e contribuir para a sua edificação. A pesquisa trata menos de delimitar um conceito e mais de demarcar um campo de elementos e aspectos que compõem uma mirada para a experiência. Trata-se, portanto, de uma atitude cognitiva para desenvolver olhares e percepções para iniciativas que estão sendo testadas como práticas de comunicação, diálogo, vÃnculo e engajamento e que promovem interfaces com o pressuposto da desaceleração.