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ISSN : 2175-2389
Sofrimento Psíquico na Sociedade Midiática Neoliberal: Um Chamado da Alma Expulsa da Vida Cotidiana?
Ana Luiza Iughetti Feres

Última alteração: 2024-07-02

Resumo


O presente resumo apresenta a proposta “Sofrimento psíquico na sociedade midiática neoliberal: um chamado da alma expulsa da vida cotidiana?” e refere-se a um recorte da dissertação de mestrado em processo de finalização, "O lugar do corpo na sociedade midiática neoliberal: abandono e sofrimento psíquico”, que tem como objetivo apontar alguns eixos de relação entre o modo de viver na sociedade contemporânea ocidental, que estamos conceituando como ‘sociedade midiática neoliberal’, e dados que mostram índices alarmantes e crescentes de sofrimento psíquico na população mundial.

Parte-se de uma perspectiva interdisciplinar que une contribuições das áreas de Comunicação, Sociologia e Psicologia e inspira-se no paradigma da complexidade de Edgar Morin (2015). Nessa perspectiva teórica, a religação de saberes permite um olhar multifacetado para os fenômenos da cultura. Posto isto, a finalidade deste trabalho é demonstrar como a psicologia analítica[1] compreende o sofrimento psíquico como sintoma que aponta para o desequilíbrio de uma psique (alma)[2] que vive na unilateralidade das demandas de adaptação do ego[3] e, portanto, distante da totalidade psíquica.


[1] A chamada psicologia analítica, complexa ou junguiana, foi desenvolvida por Carl Gustav Jung (1875-1961), médico psiquiatra suíço, ao longo da primeira metade do século XX.

[2] Psique vem do grego ‘ψυχή’ ou ‘psykhé’, e significa originalmente sopro, respiração. Entre os filósofos gregos antigos era um conceito que definia a vida, a existência de algo para além do corpo físico e que era responsável pelo movimento do ser, suas emoções e sentimentos, a alma; e que ia embora do corpo na hora da morte. Para Jung (1990), a psique deve ser compreendida numa dinâmica energética de forças entre consciente e inconsciente, num conceito de complementariedade e compensação, cuja finalidade é a auto-regulação, para um equilíbrio dinâmico e saudável dessa psique (alma) na sua totalidade.

[3] Para Jung, o ego é o centro da consciência e tem diversas funções, como promover a adaptação do indivíduo às exigências da vida, diferenciar conteúdos conscientes e inconscientes, mediar prazer e realidade. Organiza os conteúdos da vida psíquica, avalia, critica e raciocina em busca de soluções para os problemas que se enfrenta. A partir do ego cada um forma uma concepção de si, aquele eu consciente com o qual muitas vezes nos identificamos, a partir do qual nos descrevemos. “(o ego) É sempre o centro de nossas atenções e de nossos desejos, sendo o cerne indispensável da consciência.” (JUNG, 2001, § 19).


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