Mesa discute Inteligências Conectadas, Humanidades Digitais e Emergência Climática

Mesa discute Inteligências Conectadas, Humanidades Digitais e Emergência Climática

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A segunda mesa de conferência do XVII Simpósio Nacional da ABCiber explorou as interseções entre inteligência artificial (IA), humanidades digitais e seus impactos na educação, sociedade e meio ambiente. Mediado pela professora Mara Rúbia Sant’Anna, da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), o debate reuniu especialistas para analisar os desafios e possibilidades trazidos pelas tecnologias emergentes no contexto educacional e social.

Educação e plataformização: reflexões críticas

O professor Eduardo Fofonca, da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), abordou o tema “Inteligências Conectadas: Impactos na Educação, Docência e Pesquisa”. O pesquisador destacou como as tecnologias digitais, especialmente a IA, têm gerado ansiedade entre educadores, que frequentemente se sentem pressionados a dominar ferramentas tecnológicas. “Alguns professores relatam que, em vez de dar aula, estão apenas preenchendo plataformas”, destacou.

O pesquisador trouxe, ainda, dados preocupantes: no Paraná, 83% dos educadores afirmam que as plataformas digitais não melhoraram o aprendizado, e 72,3% dizem que as escolas não possuem equipamentos adequados para atender às metas educacionais. Fofonca alertou que é importante compreender as tecnologias criticamente analisando seus impactos na escola e na universidade.

IA e Educação Crítica

Priscila Gonsales, do Instituto Educadigital, apresentou “Educação e Letramento Críticos de IA”, abordando o impacto ético e ambiental das tecnologias digitais. Ela chamou atenção para o modelo econômico das plataformas de IA, que utilizam dados pessoais muitas vezes sem o consentimento consciente dos usuários. “Essas tecnologias são carregadas de ideologias e dominadas por poucas empresas, geralmente localizadas no Norte Global”, pontuou. Além disso, Gonsales destacou os custos ambientais da infraestrutura tecnológica, como o consumo massivo de água e energia para resfriar data centers.

Sobre educação, a pesquisadora defendeu uma abordagem mais reflexiva antes de integrar tecnologias nas escolas, questionando: “Quem produz essa tecnologia e a serviço de quem ela opera?”. A palestrante também conectou a IA à perspectiva de pensamento complexo, baseada nos princípios de Edgar Morin. Ela enfatizou a necessidade de religar saberes e abordar a educação como um campo interconectado, aproveitando o potencial da IA para fomentar diálogos entre diferentes disciplinas e conhecimentos.

Tecnologias e o Futuro Educacional

A mesa encerrou com uma reflexão sobre como as tecnologias emergentes podem ser integradas de maneira responsável e crítica na educação. O consenso entre os participantes é que o uso das tecnologias requer uma análise cuidadosa de seus impactos éticos, ambientais e sociais.

As discussões reforçaram a importância de um letramento crítico para que educadores e estudantes possam navegar no cenário tecnológico contemporâneo.

Por: Fran Oliveira (UFSC)

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