Mesa de Conferência I aborda Emergência Climática em Arte, Letras e Comunicação no XVII Simpósio

Mesa de Conferência I aborda Emergência Climática em Arte, Letras e Comunicação no XVII Simpósio

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A relação entre mudanças climáticas e suas implicações nas áreas de arte, letras e comunicação foi o foco da primeira mesa de conferência do XVII Simpósio Nacional da ABCiber mediada pelo professor Bernardo Queiroz, da Universidade Anhembi Morumbi (UAM). O evento reuniu especialistas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para debater temas que integram práticas artísticas, preservação de memória e mobilidade humana frente à crise climática.

Arte e Emergência Climática

A professora Andreia Machado Oliveira apresentou a palestra “Reflexões sobre Arte e Emergência Climática: culturas, tecnologias e naturezas”. A pesquisadora destacou o Projeto DNA Afetivo que valoriza a cosmologia das comunidades indígenas kaingáng. Com base no mito kaingáng das metades, o projeto mapeou as famílias kamê e kanhru e desenvolveu o jogo bilíngue DNA AKK para Android, promovendo uma abordagem transdisciplinar de arte colaborativa.

A apresentação também discutiu o conceito de “cosmotécnicas” do filósofo Yuk Hui, que propõe a integração do cosmos e da moral através das tecnologias. Para Andreia, a valorização da multiplicidade de perspectivas sobre “naturezas” é central para repensar as relações entre cultura e ambiente.

Preservação da Memória e Impactos Climáticos

A pesquisadora Evelyne Costa apresentou o projeto “Português Antigo no Rio Grande do Sul: Sociolinguística Histórica e Humanidades Digitais”, focado na preservação de manuscritos históricos produzidos nos séculos XVIII, XIX e XX. Esses documentos, encontrados em museus e arquivos, são transcritos de forma fiel para integrar uma plataforma digital dinâmica, promovendo a leitura não linear e conectando a filologia às ferramentas computacionais.

A professora destacou os desafios enfrentados após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio de 2024. Muitos documentos históricos foram danificados e, atualmente, estão armazenados em contêineres congelados, aguardando recuperação. Segundo Evelyne, os danos nos documentos provocados pela enchente são um exemplo de como a crise climática impacta diretamente a memória cultural.

Mobilidade Humana e Deslocamentos Climáticos

A professora Liliane Dutra Brignol abordou o tema “Expulsões, deslocamentos climáticos e a tecnopolítica dos ‘não cidadãos’ em um mundo em movimento”. A pesquisadora discutiu como os desastres climáticos, como as recentes enchentes no Rio Grande do Sul, intensificam a expulsão de pessoas de seus territórios, criando novas formas de mobilidade humana como os deslocados em razão das mudanças climáticas.

Liliane destacou o relatório da ACNUR, publicado em novembro, que prevê um aumento de países enfrentando extremos climáticos, de três, atualmente, para 65 até 2040. Ela defendeu a necessidade de políticas públicas que transcendam uma lógica econômica, protegendo os deslocados climáticos e combatendo desigualdades sociais.

Reflexões e Perspectivas

A mesa trouxe uma abordagem transdisciplinar e integrativa sobre os efeitos da emergência climática, evidenciando sua relação com a produção cultural, a preservação histórica e os deslocamentos humanos. Os debates reforçaram a urgência de respostas colaborativas que enfrentam as complexas adversidades trazidas pelas mudanças climáticas.

Por: Fran Oliveira – UFSC

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