XVI Simpósio Nacional da ABCiber 2023

INFORMAÇÃO, TECNODIVERSIDADE E ESTÉTICA

Organização: ABCiber, UFSM
Realização: UFSM
Apoio e Divulgação: UNIFAE

A temática do XVI SIMPÓSIO NACIONAL DA ABCIBER provoca a problematizarmos sobre três questões que se entrecruzam na atualidade, em diversos aspectos: Informação, Tecnodiversidade e Estética. A palavra informação adquire uma variedade de entendimentos ao estar vinculada às plataformas em rede, aos metauniversos, às redes sociais, às tecnologias algorítmicas, à bioinformática, à neurociência, à engenharia genética etc. Mesmo, geralmente, aparecendo atrelada ao aceleracionismo tecnológico e a dados processados e calculados, a informação vai além dos dados, estando implicada na simbiose humano e tecnologia. Deparamo-nos com humanos artificiais constituídos pelas tecnologias informacionais, direcionados pela algoritmização da vida, de seus afetos, pensamentos e comportamentos. Nesta perspectiva, propomos discussões que liberem a ideia de informação presa aos dados previsíveis e probabilísticos, e possamos pensá-la como informação-invenção atrelada à diferença. Talvez, seguindo Gilbert Simondon, uma informação como invenção de codificações e significações, como gestos transformadores resultantes de ressonâncias internas e trocas com o meio externo.

Várias áreas das artes e humanidades têm problematizado os sistemas computacionais – Estudos das Mídias, Cibernética, Humanidades Digitais, Comunicação, Artes Digitais, Filosofia e Tecnologia – na busca de uma sociedade marcada pela diversidade. Neste sentido, trazemos o conceito de tecnodiversidade do filósofo da tecnologia Yuk Hui. Ao salientar a importância de trabalharmos com o conceito de tecnologia, a fim de preservar a alteridade e a diferença (HUI, 2020), ele aponta a necessidade de uma diversidade política e tecnológica, de um entendimento plural da tecnologia a fim de confrontarmos questões como o racismo estrutural, a crise climática e as desigualdades sociais, econômicas e tecnológicas.

Ao conceber a tecnodiversidade, Hui parte do conceito de cosmotécnica, que articula diversidade cosmológica e tecnológica, nos deixando uma provocação: como podemos pensar em cosmotécnicas não-ocidentais: quilombolas, kaingangs, guaranis, zulus, mapuches, dos povos da Amazônia, dos contextos de diáspora etc. Como Hui coloca, tecnologias alternativas que podem nos desviar de uma universalidade tecnológica ao fragmentar o mundo e abri-lo ao diferente (HUI, 2020), relacionando-o com a localidade e não com a universalidade. Neste evento, em particular, direcionamos nossa atenção às especificidades do Sul Global.

Neste sentido, o pensamento tecnológico está articulado ao pensamento estético que nos reporta ao existencial, que nos abre os sentidos para a pluralidade do fora, sendo a própria pluralidade das práticas das artes. Lançamo-nos, neste evento, em estratégias criativas de abrir o mundo, uma vez que a arte abre o mundo a si mesmo, ao abrir o sentido que este está fechado (NANCY, 2014). Artes plurais e heterogêneas, que agregam práxis e poiesis, em práticas múltiplas e articuláveis que podem produzir novos sentidos para o que entendemos por informação.