Tecnologias Musicais Anticoloniais na América Latina
Subvertendo o Digital a Partir da Ressignificação do Ancestral e da Respiração
Palavras-chave:
Instrumentos Musicais Digitais, Arte Sonora, Estética Descolonial, Apropriação Tecnológica, Interfaces de Escucha RelacionalResumo
Esta mesa coordenada propõe uma discussão interdisciplinar que une arte, tecnologia e educação em resposta aos eventos climáticos extremos. Os participantes abordam a interseção de dois eixos temáticos do simpósio: "Tecnologias e políticas cidadãs em eventos climáticos extremos" e "Arte em eventos climáticos extremos". A mesa foca na criação e apropriação de tecnologias musicais digitais a partir de cosmovisões indígenas, quilombolas e na diversidade cultural latino-americana ancestrais e contemporâneas, promovendo a descolonialidade nas práticas artísticas.
Os trabalhos serão apresentados em português pelos pesquisadores João Tragtenberg e Cristiano Figueiró e pelas artistas pesquisadoras colombianas Patrícia Cadavid Hinojosa e Ximena Alarcón Diaz. A mesa visa fomentar um debate sobre como a música, a arte sonora e a tecnologia podem servir como ferramentas de resistência e subversão das narrativas coloniais, promovendo perspectivas para enfrentar as desigualdades globais e a crise climática. Espera-se inspirar a democratização de tecnologias digitais na música e explorar as possibilidades de inovação que emergem da resignificação de saberes ancestrais.
A discussão será fundamentada por uma matriz teórica que inclui autores como David Abram, conhecido por suas reflexões sobre o entrelaçamento sensorial humano e ambiental, e Yuk Hui, autor de tecnodiversidade. Outros autores-chave incluem Paulo Freire, com sua pedagogia crítica, e autores decoloniais como Walter Mignolo, Arturo Escobar e Silvia Rivera Cusicanqui. Também destacamos a abordagem criativa da "gambiarra", como apresentado por Giuliano Obici, que enfatiza a inovação através do uso improvável e engenhoso de recursos disponíveis para criar novos instrumentos e expressões sonoras.
Num momento marcado por crises sistêmicas exacerbadas por mudanças climáticas, torna-se vital discutir abordagens que ressignifiquem as relações entre tecnologia, arte e comunidade de uma perspectiva anticolonial e ecológica. Esta mesa aborda a urgência de criar e compartilhar tecnologias que promovem práticas musicais inclusivas e ambientalmente conscientes. Ao destacar projetos que conectam o digital ao ancestral, esta proposta contribui com uma visão original e integrada para o discuso sobre a arte e tecnologia como ferramentas de relocalização e resistência cultural nos tempos contemporâneos.
Resumo das Falas dos Autores:
João Tragtenberg:
O Bongarbit: Laboratório de Tecnologias Digitais da Xambá é um projeto que acontece na comunidade quilombola urbana da Xambá, em Olinda, Pernambuco. O Bongarbit Lab vem desenvolvendo instrumentos musicais digitais acessíveis e integrados às tecnologias ancestrais da comunidade. Utilizando cabaças e materiais reciclados da construção civil, buscamos formar um polo de criação de tecnologia digital integrado à consciência ambiental e à cultura material e musical da comunidade. Acreditamos que este projeto contribua para uma resistência ao colonialismo digital, que exacerba desigualdades globais e a crise climática.
Cristiano Figueiró:
Nessa fala será feito um exercício de questionamento de modelos eurocêntricos e narrativas de "inovação" na computação musical. Defende-se a democratização do acesso à tecnologia e a apropriação crítica do conhecimento para a criação sonora, fomentando uma rede de pesquisa e ativismo na América Latina. Busca-se uma inovação disruptiva que se inspire em tecnologias ancestrais e ressignifique saberes musicais latino-americanos, expandindo as possibilidades de expressão sonora. Abordam-se projetos que descolonizam a computação musical, derivados de 14 anos de ensino e pesquisa em arte e tecnologia nos bacharelados interdisciplinares da UFBA, e discutem-se desafios e potencialidades da construção de um campo de pesquisa e criação que promova a emancipação.
Patricia Cadavid:
¿Cómo sonaria la música producida por los ordenadores precoloniales de los Andes?
Hablemos de la necesidad de enraizarnos con los conocimientos ancestrales en las practicas artísticas actuales y de la creación de interfaces sonoras para el futuro inspiradas en el pasado.
Esta investigación basada en la práctica se centra en reivindicar la memoria contenida en las interfaces tecnológicas y computacionales precoloniales de la región andina de Abya Yala que fueron arrebatadas por la colonización, sus conexiones con el arte y la ciencia, y su reutilización desde una perspectiva decolonial en instrumentos sonoros electrónicos para performances experimentales en vivo.
Ximena Alarcón Díaz:
Huellas de aire es una instalación en el Museo de Arte Moderno de Medellín (MAMM) que nos invita a reflexionar sobre nuestra relación con el aire que compartimos y cómo este, cargado de memoria y vida, se conecta con nuestras emociones, salud y entorno. A medida que los visitantes se mueven libremente por el espacio, se convierten en parte activa de una mancomunidad de aliento, como la describe el filósofo David Abram. La instalación propone que, a través del cuerpo, la memoria y el aliento, podamos aprender a volar en reciprocidad con el aire, reconociendo nuestra interdependencia con el ecosistema urbano y global.
Esta obra surge de un proceso educativo de talleres que ofrecimos con Ron Herrema, de Bath Spa University, involucrando Deep Listening, Pure Data, y Bela, reflexionando sobre los afectos y efectos de la calidad del aire en Medellín. La obra fue implementada con el apoyo técnico de Esteban Henao, Felipe.
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