A lógica dos condomínios digitais

aproximações e subversões

Autores

  • Sam Alcântara UFMG
  • Nádia Laguárdia de Lima UFMG

Palavras-chave:

condomínio digital, segregação digital, psicanálise

Resumo

Os movimentos que surgiram a partir da internet, na verdade, constituem-se – em sua grande maioria – como um coletivo de pessoas desidentificadas, com posições difusas e uma espécie de apoliticismo discursivo. Claro que o apolitismo é um dos pilares ideológicos de uma extrema direita que surfa muito bem a atual onda da internet, organizando-se geopoliticamente com lideranças no Brasil, EUA, Hungria, Itália, Polonia, dentre outros. O discurso do capitalista e sua essência neoliberal se propõe como apolítico, a organização de massa é um problema para seu engendramento narrativo. Então, para que serve pensar a organização geográfica do ciberespaço em condomínios? Se tomarmos a fórmula lacaniana do discurso do capitalista, teremos um circuito que é preconizado pelo encerramento em si mesmo. Com isso, é preciso que haja um espaço geográfico onde se concentrem o conjunto de bolhas algoritmicamente moduladas em uma universalização narrativa. O apagar das diferenças e o fechamento do circuito do outro retira do condomínio digital a possibilidade de uma assimilação de massa. Assim, muros organizam geograficamente as bolhas que partilham dos mesmos interesses, modulados a partir de cookies que coletam a exposição voluntária de cada bolha que habita o condomínio digital. Ou seja, o apagar das diferenças e a Um-iversalização no ciberespaço organizado a partir da “lógica do condomínio”, noção proposta pelo psicanalista brasileiro Christian Dunker.

Publicado

02-12-2024