Um Empoderamento digital: a importância da mídia negra na construção de identidades, significações e representatividade
Resumo Expandido
Palavras-chave:
Mídia negra, Mídia digital, Representatividade, EmpoderamentoResumo
Resumo expandido
A presente proposta de Resumo Expandido em Painel Temático Comunicação digital, consumo e comportamentos em rede busca mostrar a importância e relevância da mídia negra no ambiente digital. Queremos discutir como as vozes, as ideias e os ideais depositados em plataformas digitais podem ser refletidos por meio dessas mídias, ajudando a trazer empoderamento da comunidade negra. As mídias negras que buscaremos pesquisar é a Revista Afirmativa, a Agência de Notícias Alma Preta e o Blog Negro Nicolau. O trabalho será organizado em três partes: primeiramente, contextualizaremos a história e importância da mídia negra, depois buscaremos entender o conceito de mídia digital e, a inserção da mídia negra neste ambiente e por fim, queremos entender a relevância que a mídia negra tem na criação de identidades, significações e representatividade para comunidade negra.
Por meio desta proposta, buscaremos discutir a importância da mídia negra para a comunidade negra. Acreditamos que a existências de inúmeras mídias negras, possam ajudar no empoderamento, na criação de significados e representatividade para a comunidade negra, pois os negros podem se ver incluídos no contexto midiático, criar suas próprias narrativas, serem vistos e suas vozes podem ser ouvidas por meios dessas publicações.
Abordar o tema da mídia negra nos ajuda a abrir discussões importantes e trazer visibilidade que ela merece, pois sabemos que o contrário da visibilidade é o apagamento e trazer este assunto para o campo acadêmico, faz com que notícias e pautas da negritude não fiquem escondidas, invisibilizada ou vagando.
Escolhemos como objetos de estudo para este artigo, a Revista Afirmativa, a Agência de Notícia Alma Preta e o Blog Negro Nicolau. Essas mídias foram selecionadas como corpus de estudo baseando-se na destacada inclusão que receberam na publicação `Mapeamento da Mídia Negra no Brasil" do FOPIR - Fórum Permanente pela Igualdade Racial.
Nossos objetivos neste texto é discutir que a mídia negra possa ajudar na criação de significados e representatividade para o povo negro, pois segundo o Censo de 2022 do IBGE, 20,6 milhões (10,2%) de brasileiro se declaram pretas. Acreditamos também que trazer para a discussão a mídia negra faz com que conheçamos mídias importantes para a comunidade negra brasileira.
Este resumo expandido faz parte dos meus estudos da minha tese de doutoramento, na qual pesquiso sobre a visibilidade da mídia negra em ambiente digital. Para esta proposta, buscaremos analisar três tipos de mídia: a Agência de Notícia Alma Preta, a Revista Afirmativa e o Blog Negro Nicolau. A escolha dessas mídias, além das já ditas, busca preencher lacunas na literatura acadêmica ao focar especificamente a mídia negra e faz parte também do meu estudo e aprofundamento da minha racialidade.
A escolha da mídia negra como objeto de estudo decorre não apenas de sua relevância social e cultural, especialmente em um país como o Brasil, onde a população negra representa uma parcela significativa da sociedade, mas também de sua importância na promoção de uma maior inclusão e diversidade nos meios de comunicação digital. O objetivo é contribuir academicamente para o debate.
Para esta discussão, dividiremos esta proposta, por meio deste resumo expandido em três partes. Na primeira parte, abordaremos a história da mídia negra, onde veremos que muitas publicações foram implementadas por meio da história. Começaremos a mostrar a história a partir do século XIX, por meio da pesquisa de dissertação realizada pela jornalista e historiadora Ana Flávia Magalhães. Depois mostramos as publicações negras do século XX, fontes extraídas da matéria publicada no site da Agência Brasil e por fim, mostramos a mídia negra no século XXI, onde apresentamos nossos objetos de pesquisa.
A segunda parte, pretendemos fazer o levantamento histórico da mídia negra, onde passearemos pela mídia negra em ambiente digital. Aqui mostraremos as teorias e características que ajudam a definir a mídia digital, mostraremos as caraterísticas da revista digital, do portal de notícia e do blog, apresentando suas tecnologias e plataformas publicadoras, suas diferenças e semelhanças, tanto na forma de produzir como nas formatos tecnológicos.
Na terceira e última parte desta proposta, discutiremos a importância da mídia negra no contexto do digital, procuraremos destacar como essas mídias são essenciais para ajudar na ampliação das vozes da comunidade negra em geral, pois sua existência desafiam, quebram estereótipos e ajudam a promover suas narrativas. Abordamos também a questão da presença das mídias negras na internet, permitindo que as vozes da comunidade negra alcancem um público mais amplo, reforçando a necessidade de visibilidade e propagação, para garantir influência e a presença que podem adquirir. Por fim, falamos que as mídias negras desempenham um papel importante na construção de identidade, significados e representatividade, ao mesmo tempo que desafiam a estrutura de poder, contribuindo para uma compreensão mais autêntica e diversificada das experiências negras.
Para estruturar a pesquisa, utilizamos autores renomados e consagrados. Reunimos os autores em grupos e por assuntos. Ana Flávia Magalhães Pinto aborda o tema sobre a história da mídia negra, Mikhail Bakhtin e Iúri Lotman nos ajudam a ver como a mídia negra ajuda na construção de significados, Stuart Hall, Ecléa Bosi, Silvio Almeida, Sueli Carneiro e bell hooks, ajudam a entender questões de racismo, representatividade e estereótipos. Por fim, os autores Luís Mauro de Sá Martino, Poliana Ferrari, Carolina Terra, Henry Jenkins, Joshua Green e Sanm Ford, nos ajudam a entender e conceituar a mídia digital e as tecnologias que giram em torno.
Nosso objetivo com esta proposta é discutir a importância da mídia negra em ambiente digital, na busca pela construção de identidade, significação e representatividade para a comunidade negra do Brasil. A análise das mídias estudadas - Revista Afirmativa, Agência de Notícia Alma Preta (em forma de portal no notícia) e o Blog Negro Nicolau - nos mostrou que essas plataformas não apenas ajudam a ampliar as vozes e narrativas negras, mas também, desempenharam um papel crucial na desconstrução de estereótipos, na criação de imagem positiva do negro e na promoção de novas perspectivas culturais.
A presença da mídia negra em ambiente digital permite que a comunidade negra exerça controle sobre suas narrativas, desafiando as representações hegemônicas perpetradas na grande mídia, onde na maioria dos casos trazem estigmas e discriminação para a imagem do povo negro. A existência da mídia digital proporciona um espaço de diálogos e intercâmbios culturais, ajudando no fortalecimento da imagem, da memória coletiva e da identidade cultural da população negra.
Além de promover conteúdos que refletem as experiências, os desafios e triunfos da comunidade negra, essas mídias contribuem para as questões de visibilidade e valorização das identidades negras. Eles desempenham um papel importante na luta contra o racismo estrutural e o epistemicídio, reafirmando a autonomia e a subjetividade da população negra.
Acreditamos que a mídia negra digital não é apenas uma ferramenta poderosa de comunicação, mas também, um forte instrumento de empoderamento e transformações sociais. Ela possibilita a criação de significados autênticos e representações positivas, essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. O avanço das pautas negras, o avanço das novas tecnologias, as estratégias de visibilidade na propagação das narrativas negras em ambiente digital, ajuda no fortalecimento e presença da mídia negra, onde ela surge como força significativa na promoção da dignidade, identidade e representatividade da comunidade negra.
Para fecharmos, é preciso lembrar que estudar a mídia negra não é só uma questão de estudos acadêmicos, que serão discutidos apenas em ambientes acadêmicos, pois pretendo pensar e teorizar essa discussão na academia, mas buscaremos uma possível implementação futura das metodologias, das tecnologias e dos processos que discutirei e apresentarei na minha futura pesquisa de doutorado.