“Grotesquerie”: uma leitura bakhtiniana da série de televisão e sensação de colapso social iminente
Palavras-chave:
Bakhtin, Carnavalesco, Grotesco, Terror, Televisão, StreamingResumo
O estudo propõe uma leitura bakhtiniana da série de televisão estadunidense de terror Grotesquerie, criada por Ryan Murphy, utilizando-a para discutir novas relações entre o gênero terror e um mundo marcado pelas consequências do capitalismo para o meio ambiente e da extrema direita na política. Em sua investigação das epistemologias pré-históricas do discurso no romance, Mikhail Bakhtin reflete sobre as delineações grotescas rabelaisianas como estando entre as manifestações nascentes desse discurso. Nossa hipótese é de que o funcionamento do dinamismo carnavalesco na série Grotesquerie visa também expor de forma lúdica um mundo em que o pensamento apocalíptico está no centro de uma sensação de colapso social iminente. A história de Grotesquerie está repleta dessa tendência carnavalesca que se detém no significado/poder sendo negociado e produzido por meio da materialidade e corporalidade da caracterização e do cenário, bem como da trama. Essas sensibilidades são aqui abordadas no contexto de uma ecologia carnavalesca-grotesca.