A produção de imagens técnicas a partir do cuidado multiespécie

Autores

  • Felipe Rayann Universidade Federal de Ouro Preto
  • Lara Guimarães

Palavras-chave:

Imagem técnica; comunicação; virada ontológica; cuidado multiespécie; perspectivismo ameríndio.

Resumo

Na era do “Antropoceno” as imagens técnicas operam como principal dinâmica comunicacional do ocidente. Decerto, submetidas à lógica ocidental da racionalidade de hierarquização de seres humanos e não humanos, amplamente consolidado na contemporaneidade. Diante a fenômenos, ambos destrutivos às formas de vida na terra, compreender as imagens técnicas como atuantes nesse processo é substancial. Destarte, é imprescindível adicionar ao leque epistemológico da imagem outras perspectivas éticas e políticas, para que possamos viver e morrer bem. O cuidado multiespécie, na razão da virada ontológica, retira o humano do centro das relações, e coloca as formas de vidas em existências não hierarquizadas, é uma perspectiva de existência que possibilita a coabitação dos seres. Para participar dessa simbiose íntima, é necessário perceber o outro, humano ou não humano. Podemos contemplar dentro da cosmovisão de povos originários o que Donna Haraway (2023) toma por cuidado multiespécie. A manifestação da cosmovisão indígena, onde muitos são animistas, ou seja, há uma humanidade compartilhada por todos os seres, também aflora dentro do campo imagético. A priori, há uma dualidade na relação com a imagem técnica, uma que parte da cosmovisão indígena e outra do homem branco ocidental. Nessa lógica, o presente trabalho analisa as possíveis contribuições da perspectiva do cuidado multiespécie à dinâmica comunicacional imagética, tomando como base a fomentação da produção audiovisual do projeto Vídeo nas aldeias, e em especial três realizadores indígenas, pelo pioneirismo e reconhecimento de suas obras como representativas do cinema indígena: Sueli Maxakali, Divino Tserewahú e Ariel Duarte Ortega.

Publicado

02-12-2024